terça-feira, 12 de maio de 2009

Boal vive



O dramaturgo e diretor Augusto Boal, criador do método do Teatro do Oprimido, praticado em mais de 70 países, foi homenageado pelo jornal comunista L’Humanité. Foi um momento de grande tristeza escrever esse obituário, que pode ser lido aqui.

Para homenagear Boal, a revista online Tropico republica uma longa entrevista que fiz com ele em Paris, em 2007. A íntegra dessa entrevista, publicada em parte pelo jornal L’Humanité no mesmo ano, pode ser lida aqui no site.

Veneza sem venezianos

Fotos Leneide Duarte-Plon

A sereníssima continua misteriosa, bela e única. E agora, ameaçada.
Leio que o prefeito Massimo Cacciari luta com um orçamento achatado pelo governo de Silvio Berlusconi. Daí, a permissão para uma grande marca colocar os enormes outdoors que servem para proteger o palácio dos doges durante obras de restauração. A prefeitura precisa faturar para preservar os palácios. Mesmo que a cidade já tenha uma intensa programação cultural que atrai milhões de turistas todo ano para o fabuloso carnaval, para a Bienal de arte e o Festival de cinema.
Mas apesar de receber um número de turistas sempre enorme, fascinados pela beleza inigualável, a cidade vai se esvaziando de seus habitantes. Em 1931, havia 164 mil venezianos, hoje eles são apenas 60 mil. Com cerca de 20 milhões de turistas por ano, uma média de 55 mil por dia, há dias em que tem mais turista que habitante na cidade dos doges.

Prepúcios de Cristo

Os meninos judeus são levados à sinagoga por pais praticantes no oitavo dia do nascimento para a cerimônia religiosa da circuncisão. Jesus não foi exceção. Seu prepúcio foi cortado por um rabino.
Mas como nenhum homem é dotado de mais de um prepúcio, Jesus não era, nesse caso também, uma exceção e deve ter tido um único prepúcio cortado. Como explicar, então, a exibição de três prepúcios de Jesus pela Igreja católica apostólica romana?
Em seu livro reeditado em Paris, Traité des reliques, o teólogo e reformador francês Jean Calvin, (1509-1567), pai do protestantismo francês, denuncia a idolatria e critica a prática mercantilista da Igreja católica de exibir relíquias para angariar dinheiro. No livro, Calvino revela um fino humor e uma irreverência pouco conhecida. Ele conta que a Igreja guarda pelo menos três prepúcios de Cristo: um na igreja de São João de Latrão, em Roma, outro na igreja de Carroux e um terceiro na igreja de Hildesheim. Não tenho foto dos prepúcios.
Quanto a pedaços da cruz de Cristo, todos reunidos dariam para construír dezenas de cruzes.

Mundo cão

Na semana passada, doze clandestinos afegãos foram descobertos no norte da França, perto de Calais, dentro de um caminhão cisterna, poucos minutos antes de ser carregado de ácido sulfúrico. Por pouco, esses jovens afegãos que pensavam que o caminhão ia atravessar o canal da Mancha não viraram uma pasta, derretidos pelo ácido.
E o pior é que o caminhão em questão nem ia para a Inglaterra, o Eldorado dos migrantes que vêm tentar passar o canal. O caminhão ia para a Bélgica.
Isso é vida real. Na ficção, foi lançado há poucas semanas um extraordinário filme francês chamado Welcome tratando do tema da imigração clandestina e do que os franceses chamam de “delito de solidariedade”. Sem ácido sulfúrico mas com fim trágico também.
Na França, ajudar um clandestino pode dar cadeia.

Fotos polêmicas

Uma exposição de fotos polêmicas pode ser vista ainda este mês na Biblioteca Nacional da França, no sítio Richelieu, o prédio histórico da BNF.
A exposição reúne oitenta imagens que causaram escândalo. Entre elas, a foto feita por um astronauta de outro astronauta no solo lunar. Quem não conhece a história? A famosa foto divulgada pela NASA do astronauta Neil Armstrong andando na lua em 20 de julho de 1969 tirada por seu companheiro de viagem Buzz Aldrin com uma Hasselblad seria um “fake”, que colocaria em questão até mesmo a viagem do homem à lua. A história é tão mirabolante que vale a pena ser contada : o cientista autodidata Ralph René diz em um livro de 1992 que a bandeira americana se move ao vento em um espaço onde a atmosfera não existe. Tem mais: o fotógrafo David Percy analisa as anomalias dessas fotografias divulgadas pela NASA. Segundo ele, existem diversas fontes de iluminação na foto, não há cratera sob o reator do módulo e nem poeira sobre os equipamentos. Além disso, segundo ele, a luz solar é difundida uniformemente em todo o espaço, como na atmosfera terrestre. Esses são alguns dos argumentos que alimentam a teoria do complot, segundo a qual a NASA teria enganado o mundo inteiro simulando em estúdio ou nos desertos americanos as expedições lunares.
Há quem jure que Stanley Kubrick realizou essas imagens para obter como empréstimo a sofisticada câmera da NASA que lhe permitiu filmar cenas noturnas de Barry Lyndon sem luz artificial.
As fotos, que datam do início da era da fotografia até hoje são acompanhadas de um texto que esclarece o tipo de conflito jurídico ou ético que elas geraram. O cartaz da exposição é a famosa foto de Oliviero Toscani, para a marca Benetton, em que um jovem padre beija na boca uma bela freira.

Nenhum comentário: