terça-feira, 21 de julho de 2009
Apagaram o cigarro de Alain Delon
Na França, a Lei Evin proíbe toda publicidade de fumo, em qualquer mídia.
Por isso, uma foto de Alain Delon de 1966 em que o ator tinha um cigarro na mão direita foi retocada agora para “apagar” o cigarro, na nova publicidade do perfume Christian Dior, Eau Sauvage. Não é de admirar que a Dior vá buscar uma foto dele no auge da beleza para a nova campanha do perfume. O ator é considerado por muitos o francês mais bonito de todos os tempos (quem não lembra da câmera de Visconti lambendo o rosto de Delon em Rocco e seus irmãos, literalmente subjugada pela beleza do ator?).
Delon não é o primeiro a ter uma foto adaptada pelo politicamente correto. Este ano, a cinemateca francesa organizou a retrospectiva e exposição da obra de Jacques Tati. Os cartazes que foram espalhados pela cidade e dentro das estações de metrô mostravam Tati numa bicicleta sem seu cachimbo, devidamente apagado pelos publicitários zelosos. Esse excesso de zelo foi criticado pelo próprio autor da lei, o ex-ministro Claude Evin, e também pela atual ministra da Saúde, Roselyne Bachelot. Ambos acharam ridículo apagar o cachimbo de Tati, uma de suas marcas mais fortes. Agora apagaram o cigarro de Delon, depois de terem tirado o cigarro dos dedos de Sartre para uma exposição sobre o filósofo da Biblioteca Nacional da França, há poucos anos.
120 velinhas
A velha dama de ferro comemorou 120 anos comme il faut.
Não, não estou falando de Margaret Thatcher, tão idosa que vai ficando esquecida por conta da idade, mas ainda longe dos 120. Em vez de pedir que esquecessem o que fez (ou escreveu) ela tratou de começar por si mesma. Esqueceu quase tudo por conta daquele médico alemão, Dr. Alzheimer.
Estou falando da Torre Eiffel. Para seus 120 verões ela teve direito, dia 14 de julho, aos fogos de artifício mais espetaculares de sua história. Comemorou-se a festa nacional e o aniversário de uma das mais visitadas atrações da capital, com o Louvre e a Notre Dame. Antes dos fogos, os franceses e turistas (700 mil pessoas) puderam assistir ao show do velho roqueiro francês Johnny Hallyday, de 66 anos, que se despede dos palcos em uma turnê por várias cidades. A escolha do cantor foi feita por Sarkozy, um fã incondicional. Gosto não se discute.
Por falar na Torre, no Libération podemos ler pérolas de cultura inútil por conta das matérias especiais de verão, quando a política francesa funciona no piloto automático e pouca coisa acontece. Todo mundo sai de férias, inclusive o presidente e os ministros (alternadamente, claro). Leio matéria sobre “o salto do século” feito por François Reichelt, um francês que pensava ter inventado o paraquedas. Ele morreu em fevereiro de 1912, saltando do primeiro andar da Torre Eiffel, diante de poucos curiosos e alguns jornalistas, vestido de uma espécie de macacão-capa, supostamente apto a amortecer sua queda. Não funcionou e o infeliz inventor morreu estatelado aos pés da torre.
Mais um pouco de cultura inútil: a invenção patenteada de um paraquedas foi feita pelo francês Jacques Garnerin em outubro de 1802. Ele tinha saltado pela primeira vez em 1797 no parque Monceau em Paris. Mas o nome parachute (paraquedas) foi criado pelo físico francês Sébastien Lenormand, o primeiro a saltar do primeiro andar de uma casa com um guarda-sol em cada mão!
Delito de solidariedade = estrangeiros fora!
Liberté, égalité e fraternité são palavras edificantes. Mas nem sempre fáceis de aplicar. Na defesa da lei que ficou conhecida por instaurar o “delito de solidariedade”, o governo francês está às voltas com as associações de ajuda aos imigrantes. Uma queda de braços que foi magnificamente ilustrada no filme francês Welcome, que passa no Brasil com o nome de Bem-vindo, pelo que li nos jornais. O ministro da imigração Eric Besson, ex-socialista cooptado por Sarkozy (como o ministro das Relações Exteriores, Bernard Kouchner) não gosta que chamem o artigo L 622-1 – o código de entrada de estrangeiros – de delito de humanidade, delito de generosidade ou delito de solidariedade. O artigo citado diz que “toda pessoa tendo, por ajuda direta ou indireta, facilitado ou tentado facilitar a entrada, a circulação ou a permanência irregular de um estrangeiro na França é passível de pena de cinco anos de prisão e 30 mil euros de multa”.
Associações como o Secours Catholique, Emmaüs e a Cimade querem acabar com as penas para o que chamam de “delito de solidariedade” e defendem a modificação da lei.
Na Itália berlusconiana, a direita pede a médicos e enfermeiros que atendem pessoas ilegais que os denunciem! A direita européia adota cada vez mais um discurso neofascista e o parlamento europeu deu uma guinada à direita depois das eleições européias de junho. Triste Europa!
A evitar ?
Pouco tempo antes de ter de pegar o avião para ir ao Brasil, caíram três aviões, dois no mar e um tupolev iraniano sobre o continente, abrindo uma enorme cratera. De todas as catástrofes, apenas uma sobrevivente, a jovem Bahia, de 14 anos, moradora da região parisiense.
Para meu desespero, a companhia em que vou voar, TAM, está no grupo D (a evitar) de uma classificação de 57 companhias aéreas. Desespero : o que fazer? Jogar fora a passagem já comprada? Comprar uma passagem de uma companhia do grupo A?
A lista de classificação das companhias aéreas pelo grau de fiabilidade foi publicada por um jornal francês depois do acidente da Air France na rota Rio-Paris. Os critérios da classificação foram, entre outros, a idade dos aviões, a manutenção, os incidentes e acidentes ocorridos. Esse estudo foi baseado em dados técnicos fornecidos pelo Observatório da Segurança aérea e do turismo de Genebra (Obssat, em francês). Quem fez o estudo foi François Nénin, jornalista especializado em segurança aérea.
O grupo A (bom nível) tem as companhias mais seguras, na ordem publicada: Singapore Airlines, Qatar Airways, Cathay Pacific, Emirates, Easyjet, Air Canada, Lufthansa, British Airways, Tunisair, United Airlines. No grupo B (nível correto) estão várias outras, começando pela Air France. No grupo C (sob reserva) mais uma dezena, entre elas American Airlines e Continental Airlines. A brasileira TAM abre o grupo D (a evitar) e o grupo E contém as da lista negra, proibidas na Europa ou na lista de espera da proibição.
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Um comentário:
Leneide, a TAM deve ser evitada, sim! Houve vários acidentes com a TAM aqui no Brasil, muitos sem explicação convincente. Um perdeu um pedaço da fuselagem e se atribuiu a uma bomba, embora não se pudesse encontrar um só vestígio de explosão; o outro caiu na decolagem em Congonhas porque nem o piloto nem o co-piloto sabiam que, se o reverso abrisse em voo, o computador desarmaria aquele motor, facilitando a subida com um motor só; outro caiu porque estava com apenas 4 toneladas abaixo do peso máximo e desceu em Congonhas sob chuva, com pista encharcada e com um dos reversos travados; outro caiu num pasto em Jaboticabal porque ficou sem querosene, mas se disse que havia um vazamento, e que não era apenas uma questão de logística de abastecimento com base em valor de ICMS nas escalas. Uma companhia que cresceu demais, com ajuda do consultor José Dirceu. É responsável pela manutenção do Airbus do Lula. Eu, se fosse o Lula, não voaria nesse Airbus, que, além de ter computadores desobedientes, ainda tem manutenção com a desgarantia da TAM. Leneide, o presidente da TAM, Rolim Amaro, morreu num acidente de helicóptero porque deixou sem tampa o tanque de gasolina após o abastecimento. Foi cair lá no Paraguai com a namorada.
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