sábado, 12 de setembro de 2009

A vingança de Gaia ou o fim da civilização

“Na Inglaterra ele é um dos darlings da mídia. Célebre na Alemanha, popular no Japão, traduzido na Espanha. A França seria estreita e cartesiana demais ou simplesmente provinciana?” Quem pergunta é um jornalista do Le Monde no perfil de James Lovelock, publicado no lançamento de seu livro The revenge of Gaia, em 2006. O provincianismo da França é uma alusão ao desconhecimento da obra de Lovelock no país.
Sir Lovelock, de 89 anos, construiu a hipótese científica que afirma que a Terra constitui um ser vivo que se autorregula. No início era apenas uma hipótese. Hoje, ela constitui uma teoria, aceita internacionalmente. Ele explica que “o sistema Terra se comporta como um sistema unitário autorregulado, formado por componentes físicos, químicos, biológicos e humanos”.
Quem se interessa por meio ambiente já ouviu falar dessa teoria na qual o meio ambiente e o ser humano são compreendidos como parte de um todo e o planeta como um ser em permanente busca do equilíbrio. Segundo Lovelock, a Terra é uma interação entre o vivo e o não-vivo.
O aquecimento global, consequência da ação humana, segundo o cientista, vai ser responsável por uma catástrofe, pois o processo irreversível já começou. Quando a temperatura na Terra aumentar 8° centígrados (lá pelo ano 2050) a maior parte da superfície do planeta terá se transformado em deserto e os sobreviventes irão viver em torno do polo Ártico.
“Mas não haverá lugar para todos, haverá guerras e populações desesperadas disputando espaço vital. Não é a Terra que está ameaçada mas a civilização”, diz o cientista, membro da Royal Society e cujos títulos incluem o de doutor em química e cientista da Nasa, onde trabalhou para pesquisas em Marte.
Ele não crê no desenvolvimento sustentável como solução para as ameaças que pesam sobre o planeta e prega a diminuição drástica do consumo de bens materiais. Mas para isso, será preciso, segundo Lovelock, que as sociedades industriais saiam da inércia atual.



Prisão com dignidade

A Justiça do país dos direitos humanos reconhece as deficiências do seu sistema penitenciário.
Este ano, o Estado foi condenado a pagar a três ex-detentos da prisão de Nantes por “condições de detenção que não respeitam a dignidade da pessoa humana”. Isso foi em julho e a République vai pagar 6 mil euros a um dos três ex-detentos e 5 mil aos dois outros. Já tinha havido um julgamento similar no ano passado, em Rouen.
Periodicamente lemos nos jornais denúncias de condições degradantes de algumas prisões francesas. A de Nantes, por exemplo, tem 419 presos para uma capacidade de 291 lugares. Suicídios de presos são também frequentes nas prisões do país de Voltaire.
Se a justiça brasileira obrigasse a União ou os Estados a pagarem por “condições de detenção que não respeitam a dignidade da pessoa humana”, imagino que iriam à falência.

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