Em setembro, a prefeita socialista de Paris, Anne Hidalgo, eleita em março, publicou um artigo no Le Monde para explicar e defender o orçamento participativo. O título : « Por uma democracia cidadã mais forte em todos os níveis de poder ».
Hidalgo explicou: inspira-se na experiência de Porto Alegre, onde há 25 anos nasceu o orçamento participativo. Os jornais franceses informaram que a capital do Rio Grande do Sul aplica 20% de seu orçamento anual, através da participação popular.
(Fotos de Leneide Duarte-Plon. Basta clicar nas fotos para ampliar)
O que é bom para Porto Alegre e para Paris não seria bom para o Brasil ?
Parece que a democracia participativa amedronta o Congresso Brasileiro, que derrubou o decreto que criava os conselhos populares. Sabe-se que os cidadãos querem participar das decisões que concernem suas vidas, mas os deputados rejeitaram o decreto que prevê que o governante deve dividir a responsabilidade das decisões sobre o dinheiro que vem de todos e pertence a todos os cidadãos.
« Não tememos o povo, não tememos suas escolhas, por isso lhe damos mais espaço para se expressar, mais informação e mais poder », escreveu Anne Hidalgo no artigo do Le Monde.
Ela se dizia orgulhosa em criar o primeiro orçamento participativo para que os cidadãos de Paris decidam como investir 5% do orçamento entre 2014 e 2020. Isso representa 426 milhões de euros. Para isso, a prefeitura apresentou 15 projetos e os cidadãos puderam definir as prioridades, votando online, diretamente na sede da prefeitura (no Hôtel de Ville) ou nas 20 prefeituras dos arrondissements de Paris.
Já no ano que vem a nova prefeita vai governar conforme as prioridades estabelecidas por seus cidadãos.
E se o Brasil imitasse a prefeitura de Paris que imita Porto Alegre ?
Chineses e brasileiros ricos : sonhos de evasão
Educação, saúde, segurança.
Por esses três motivos eles querem deixar o país nos próximos anos.
Pensou em brasileiros ? Errado. São os chineses ricos, segundo uma pesquisa reproduzida pelo jornal Le Monde.
Esses ricos…
Não importa a latitude, só pensam em si mesmos. Predadores, fisgam o que podem em seus países sonhando com o paraíso distante.
No caso brasileiro, Miami…
A medalha Fields de Artur Avila é da França?
Artur Avila, jovem gênio brasileiro de 35 anos, ganhou
o mais prestigioso prêmio outorgado a um matemático : a medalha Fields,
espécie de Prêmio Nobel da Matemática.
No Brasil, noticiou-se a medalha de Avila como nossa.
Normal.
Acontece que Avila mora na França, onde foi recebido
de braços abertos, obteve a cidadania e trabalha nos mais renomados meios
acadêmicos franceses, do Collège de France ao CNRS (Centre National pour la
Recherche Scientifique).
Ao sair a notícia do prêmio,
em agosto, a imprensa francesa noticiou a segunda medalha Fields
"outorgada a um jovem matemático francês". Alguns esqueceram um
detalhe: ele é franco-brasileiro, ok, mas fez seus estudos, inclusive o
doutorado no Brasil. Logo, a medalha deveria ser reconhecida como do Brasil. Ou pelo menos,
dividida já que ele tem dupla nacionalidade.
Em Paris, vi uma entrevista com ele, em setembro, que mostrou
a inteligência sutil de Avila: o jovem foi anunciado como o entrevistado do
Grand Journal, de Canal Plus, por onde passam os principais políticos,
intelectuais e artistas da França e do mundo. Informaram quem era o
desconhecido (do grande publico) e a primeira pergunta teve uma resposta natural.
Ele não podia fazer uma avaliação do que era bom ou ruim no ensino da
matemática às crianças e jovens franceses : nunca estudou na França, fez todo o
seu percurso, inclusive o doutorado no Brasil.
De fato, ele estudou na UFRJ e fez mestrado e
doutorado no Instituto de Matemática Pura e Aplicada – IMPA, onde, digo com
orgulho, minha filha caçula também fez seu mestrado.
Constrangidos, os jornalistas que o entrevistavam
passaram a outras perguntas mais genéricas…
Linha dura para os gondoleiros
Leio no jornal La
Nuova di Venezia e Mestre, que circula em Veneza dentro do La Repubblica : « Gondoleiros :
linha dura, celular somente com fone de ouvido. »
Depois de acidentes sem gravidade e um mais sério, com
vítimas, as autoridades de Veneza resolveram instaurar o « decálogo do
gondoleiro ». Entre outras regras, o controle do telefone celular, além de
estrito contrôle de álcool e drogas.
Com o decálogo, a cidade que divide com Paris o título
de « mais bela do mundo », agora vai ter canais mais seguros.
A « Madalena em êxtase » : o último Caravaggio redescoberto
O La Repubblica
noticiou em primeira página dia 24 de outubro: « Encontrado o original do ultimo
quadro de Caravaggio, Madalena em êxtase ». Desse quadro, havia diversas
cópias posteriores mas o original estava sumido.
A maior especialista em Caravaggio, Mina Gregori,
atesta que o quadro, que se encontrava em uma coleção privada na Europa, é o
verdadeiro. As obras de arte só passaram a ser assinadas pelos artistas no
século XIX, daí a dificuldade de certificar obras mais antigas.
Desenho de Madalena em êxtase do artista francês Ernest Pignon Ernest, a partir de Caravaggio.
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