O terremoto na China enlutou milhares de famílias e revelou o avesso da política do filho único instituída na época de Mao. No terremoto, morreram milhares de crianças que se encontravam em escolas construídas sem a tecnologia anti-terremoto. As mães tinham festejado o dia das mães na véspera do tremor de terra de Sichuan com seus filhos únicos que pereceriam no dia seguinte.
Este é o primeiro desastre humanitário da geração do filho único. Esta semana, quinze dias depois do terremoto, o governo chinês anunciou uma permissão para um segundo filho às mulheres que perderam o filho único. O problema é que muitas dessas mulheres já passaram da idade de procriar. Outras perderam os maridos, outras trabalham longe das famílias e não podem se dar ao luxo de recomeçar. Hoje, calcula-se que existam 40 milhões de crianças deixadas com os avós no interior por pais que vão trabalhar nas cidades grandes chinesas em busca de trabalho.
Desde 1980, a China aplica a política do filho único por família nas cidades, dois filhos entre as minorias étnicas e a possibilidade de ter mais um filho nas famílias do campo, cujo primeiro filho é uma menina. Quem desrespeita essas normas, paga uma alta multa. Uma criança para dois pais e quatro avós significa uma criança para seis adultos. Em 2020, haverá mais velhos que adultos na China.
Se não existisse esse rígido controle demográfico, em vez dos atuais 1 bilhão e 300 milhões de chineses, o país teria uma população de 300 milhões de pessoas a mais, o que teria freado o extraordinário desenvolvimento chinês. Mas, segundo observadores chineses, essa geração de filhos únicos pensa que tudo lhes é devido, não aprendeu a dividir nada. Em conseqüência, entre os casais oriundos de famílias de filhos únicos há maior número de divórcios, segundo um estudo sociológico.
Qual a lição que o país vai tirar da tragédia? Será possível liberar o número de filhos em breve? O planeta será capaz de alimentar uma população que cresce sem nenhum controle?
Para Dior, Sharon é linda. De boca fechada
Leio que Christian Dior tenta apagar um fogo aceso por Sharon Stone durante o festival de Cannes. A atriz declarou que a catástrofe do terremoto da China era o “castigo cármico” pela política chinesa no Tibet. Dior pediu desculpas ao povo chinês pela afirmação da atriz e retirou todos os posters da estrela em anúncios da marca francesa das suas lojas de Pequim.
Depois que Sharon começou há três anos a fazer anúncios da marca Dior, a liberdade de expressão da atriz se mostra uma coisa no mínimo delicada. A solidariedade de Sharon Stone, cujo rosto está associado à marca Dior por um contrato de muitos milhões de dólares, pode ser um desastre para o grupo LVMH, proprietário da marca. Suas críticas à política de repressão chinesa no Tibet podem fazer as vendas despencarem se os chineses resolverem boicotar Dior que tem 68 lojas na China.
A marca de luxo francesa se apressou em pedir desculpas aos chineses e dizer que não concorda em nada com Sharon. Que ela tenha as simpatias políticas pelo Dalai Lama, tudo bem, mas que não venha atrapalhar as vendas dos produtos Dior. Para Dior, a engajada Sharon é mais interessante de boca fechada.
Gatos escaldados, os franceses já foram alvo da ira chinesa no mês de março. Os supermercados Carrefour da China amargaram muitos dias de quedas nas vendas devido ao boicote chinês depois dos protestos na passagem da tocha olímpica por Paris. No dia em que a tocha desfilou por Paris, manifestantes pró-Tibet, franceses e tibetanos, gritavam slogans anti-chineses e conclamavam ao boicote dos Jogos Olímpicos. Quem foi boicotado foram os produtos franceses.
Dior correu para apagar o incêndio e evitar uma onda de boicote de seus produtos. Mas os jornais franceses anunciam uma nova onde de boicote: os chineses suspenderam tdos os pacotes turísticos para a França.
O efeito tocha olímpica continua.
Campeões do mundo de férias
Na França, as férias são sagradas. Quando o verão vai se aproximando, os franceses têm um assunto onipresente. Quanto mais perto se chega de julho e agosto, mais se ouve frases do tipo: “Eu saio de férias na semana que vem”. “Falaremos depois das férias”. “Onde você vai passar as férias?”
A impressão que se tem é que ninguém fica no lugar no verão. Nos dois meses do alto verão, todo o país está em permanente movimento, com pessoas saindo e outras chegando de férias. Em Paris, um grande número de lojas, padarias, açougues, floristas e mesmo pequenas empresas fecham as portas em férias coletivas, sobretudo no mês de agosto.
Na língua francesa, existe até mesmo um adjetivo para designar quem sai de férias em julho e em agosto: são os “juillettistes” e os “aoûtiens”. É assim que os “vancanciers” são chamados, de acordo com o mês em que saem, seja para se bronzear numa praia no próprio país, seja em busca de aventuras em países “exotiques”. No verão, os franceses se dividem em “juillettistes” e “aoûtiens”.
Os franceses dão tanta importância às viagens de férias que existem associações para proporcionar férias às crianças de famílias desfavorecidas. Essas pessoas são vistas como privadas de um direito fundamental : o direito de sair de férias e conhecer novos horizontes.
Eu tinha a impressão de que os franceses são o povo que mais tira férias no mundo. Minha “observação do terreno” apontava nesse sentido. Mas uma coisa é o achismo. Outra, são as estatísticas. Agora posso afirmar com base em dados publicados : os franceses são os “campeões do mundo” de férias. Quem diz é uma pesquisa internacional do Instituto Harris Interactive para o site de viagens online Expédia.fr.
Em 2008, os italianos tiveram 33 dias de férias, seguidos dos espanhóis, (31 dias), dos holandeses e austríacos (28 dias). Os britânicos tiveram 26 dias e os alemães, 27 dias. O estudo diz que os americanos tiveram apenas 14 dias de férias.
Quanto aos franceses, eles tiveram 37 dias de férias em média.
Bons vivants, eles sabem apreciar os bons vinhos, as boas comidas e as férias. Isso pode estar na origem da longevidade extraordinária deles, a segunda logo depois da longevidade dos japoneses.
segunda-feira, 2 de junho de 2008
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Um comentário:
Ai, que delícia essas longas férias francesas! E vc Leneide, aonde costuma passar as férias? (sem ser no Brasil, lógico)
Já essa história do filho único, bem, eu sou filha única e por isso quis ter dois.
Acho cruel o governo chinês impor um só filho, poderiam ter um programa de controle de natalidade aliado a melhor educação e condições de vida, mas isso parece utópico, né?
Bjs
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