sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Sarcosina

Pesquisadores americanos descobriram que a presença na urina de uma substância chamada sarcosina pode ajudar a diagnosticar formas agressivas de câncer da próstata. A descoberta da importância da sarcosina na detecção desse tipo de câncer foi publicada esta semana pela revista científica “Nature”.
Os níveis de sarcosina eram elevados em 79% das amostras de câncer da próstata com metástase e em 42% dos cânceres em estágio inicial. Nos casos de pacientes sem câncer, a sarcosina não foi detectada.
Na França, a sarcosina ainda não foi detectada nem estudada.
Mas a sarkozite, uma doença que ameaça os hospitais, as escolas e as universidades públicas, já está sendo combatida com greves e passeatas por todo o país.


Centenários


Uma reportagem informa que os centenários franceses serão 150 mil em 2050. No Japão, o campeão mundial de longevidade, na mesma época, eles serão perto de um milhão.
Na França, homens e mulheres (muito mais mulheres que homens) de mais de 100 anos eram em torno de cem em 1900 e chegavam a vinte mil em 2008. Segundo os cientistas, a metade das meninas nascidas no ano 2000 atingirá a idade de cem anos.
Muda o perfil da população e mudará necessariamente a vida econômica dos países com uma grande população de idosos. Haja empregos e jovens para trabalharem e garantirem a aposentadoria dos que viverão tanto tempo !

Antissemitismo, a intolerável chantagem

Esse é o título de um livro que traduzi para o português, do francês, em 2004, para a editora Anima. O sub-título do livro é “Israel-Palestina, um “affaire” francês?” Todos os autores dos textos são judeus franceses, exceto Judith Butler, a filósofa americana, e Michel Warxchawski, o sociólogo militante israelense. No livro, nove intelectuais (Etienne Balibar, Rony Brauman entre outros) denunciam a campanha feita pelo governo israelense de denunciar como antissemitismo qualquer crítica ao governo e à política de Israel e qualquer tomada de posição pró-Palestina.
Será que hoje eu também teria de evitar falar do Oriente Médio para não ser acusada de antissemita? Porque é essa a acusação implícita na pergunta de um leitor do meu blog, psicanalista judeu brasileiro, que me escreveu perguntando :
Leneide: SE OS JUDEUS INEXISTÍSSIMOS (sic), E NÃO FÔSSEMOS O ÚNICO POVO FILHO-DA-PUTA, QUAL SERIA SEU ASSUNTO?
Respondi a ele: “Na sua opinião, defender a Justiça e aderir a uma causa mais que justa (a do Estado palestino) é ser contra os judeus? Criticar a ideologia nazista entre 1933 e 1945 era ser contra o povo alemão?
Você deve ter ouvido falar de Avrham Burg, ex-presidente da Knesset que escreveu o livro "Vaincre Hitler" (que tenho e li). Ele teve de mudar o nome do livro pois queria intitulá-lo "Hitler a vaincu". O livro é um grito de desespero. Burg desistiu de Israel e veio morar em Paris.
Defender Israel hoje é um equívoco. Estou do lado de pessoas como Michel Warshawski (o filho do rabino Meir Warschawski, de quem falei outro dia num texto) cujos livros li e cujos textos leio toda semana em Paris. Ele tem um site de informação alternativa que vale a pena ler para ter outras informações que não a propaganda de Estado (Alternative Information Center).
Estou do mesmo lado de outros judeus anti-colonialistas que defendem a Justiça e a equidade sem espírito clânico. Como Ilan Pappe, que denunciou a limpeza étnica realizada a partir de 1948 por Israel no seu livro “Le nettoyage éthnique de la Palestine” (Ed. Fayard, 2008).
Para não ferir o seu sionismo, tirei-o do meu mailing”. Leneide

Mas como, felizmente, nem tudo é intolerância e espírito de clã, retranscrevo o e-mail de uma psicanalista (também de origem judaica) que me escreveu a propósito das minhas notas postadas recentemente: “Por falta de tempo ou de delicadeza, nunca te escrevo para dizer como são bons seus "bilhetes de Paris". Como o de hoje está excepcional, tomei um minuto de tempo e de vergonha na cara para te cumprimentar. Chapeau! »
É sempre bom saber que há pessoas que não se deixam contaminar pela propaganda oficial nem pelo racismo de Estado que permite a defesa aberta da limpeza étnica feita por esse partido fascista chamado “Israel nossa casa”.
Para terminar, transcrevo uma frase de um texto de Saramago chamado “Das pedras de Davi aos tanques de Golias” : “Israel quer que nos sintamos culpados, todos nós, direta ou indiretamente, pelos horrores do Holocausto, Israel quer que renunciemos ao mais elementar juízo crítico e nos transformemos em dócil eco da sua vontade, Israel quer que reconheçamos de jure o que para eles já é um exercício de fato: a impunidade absoluta. Do ponto de vista dos judeus, Israel não poderá nunca ser submetido a julgamento, uma vez que foi torturado e queimado em Auschwitz”.

Um comentário:

HV agência literária disse...

Querida Len, vc. sabe que admiro seu blog e sua competência. Mas acho que há momentos em que as palavras têm um peso muito particular...e existe, sim, um risco de jogarmos fora a criança com a água do banho. Qualquer um de nós, antigos combatentes pela liberdade e a democracia, tem total solidariedade com o sofrimento palestino. Mas alianças precisam levar em conta vários fatores. Se puder, lê o site do PazAgora BR, entre outros os artigos do escritor israelense David Grossman e o da brasileira Dina Lida Kinoshita, diretora de relações internacionais do PPS. Não desejamos a ausência de crítica, mas, como coloca Dina Lida, é preciso não aderir a palavras de ordem que acabam por reforçar o atraso, o obscurantismo e o totalitarismo em diversas circunstâncias. Se até Sartre hoje pode ser criticado na célebre frase sobre os atentados de Argel, que não produziram, como ele previa otimistamente, nada parecido com libertação de um povo, o que não dizer de outros filósofos, outras posições? Aguardemos as lições da História!
Grande beijo