O outono parisiense trouxe Fellini ao Jeu de Paume. Era domingo e o chão estava coberto de folhas amarelas no dia em que fui vê-lo.
Parei um longo momento diante do título “Fellini et son double”. Na tela se sucediam fotos de Marcello Mastroianni e do diretor que foi mais que um amigo e companheiro de trabalho : Fellini foi o autor de alguns dos melhores filmes do ator. Uma moça parada atrás de mim e do meu marido, falava ao ouvido de seu filho. O menino devia ter uns 11 anos, ela uns 40. Reconheci Chiara Mastroianni, a filha do grande ator com Catherine Deneuve. Ela estava completamente anônima, no meio da multidão que visitava o Musée du Jeu de Paume para ver Fellini, la Grande Parade, uma das imperdíveis exposições do outono parisiense.
Ao descobrir aquela moça e seu filho a comentar discretamente fotos do avô do menino, eu estava num raro estado de plenitude, daqueles momentos de prazer estético em que o mundo parece ter parado no tempo. A Itália de Fellini ficou para trás, hoje Berlusconi é uma triste realidade. Mas a exposição consegue nos transportar para uma Itália mais inteligente, o mundo do cineasta e de seus sonhos, que ele desenhava com incrível talento (ele foi desenhista de jornal, antes de se tornar cineasta) em cadernos expostos ao lado de fotos, cartazes, trechos de filmes e de entrevistas. A exposição mostra como foram criadas algumas das cenas mais famosas do cinema italiano. Roma, Anita Ekberg, Marcelo Mastroianni, Giulietta Masina, Federico estão todos no Jeu de Paume nos esperando.
Chaplin no museu
Charles Chaplin passou os últimos anos de vida em Vevey, na Suíça, às margens do Lago Léman. Esta semana seu filho Michael Chaplin anunciou que a casa vai se transformar em museu dedicado à obra do pai, com abertura prevista para 2011. A vista do lago e dos Alpes que Chaplin descortinava de sua casa é de tirar o fôlego.
O museu será um bom motivo para voltar a Vevey, onde passamos alguns dias no verão de 2008 e onde existe uma estátua de Carlitos em frente ao lago. Não preciso dizer que quase todo mundo que a vê faz uma pose ao lado do vagabundo. Mas como Vevey não tem torre Eiffel nem Louvre, o turismo por lá é soft e passa a anos-luz da agitação da capital mais visitada do mundo. Há até pequenas praias em torno do Léman mas no verão a maioria dos europeus prefere a agitação das “verdadeiras” praias de mar. A Suíça só se agita no verão durante o Festival de Jazz de Montreux, a poucos quilômetros de Vevey, outra jóia do Léman.
Fotos de Leneide Duarte-Plon
Harry Connick Jr. e Carla B.
Harry Connick Jr lançou seu novo disco “Your Songs” em Paris. O cantor convidou Carla Bruni para gravar em dueto a música dos Beatles “And I love her”. Ouvido pela revista Le Monde Magazine, o cantor justificou: “A indústria do disco está num estado tal que tudo o que pode criar um evento é bom. E minha mulher, que tinha desfilado como manequim e conhecia Carla, me deu força. Realmente, ela tem uma voz de pouca extensão mas cantar com ela foi excitante, como se fosse a versão feminina de mim mesmo”.
Boa idéia de presente de Natal. Por Harry Connick Jr., evidentemente.
Libération e a mão santa de Thierry Henry
Os jornalistas de Libération fizeram na semana passada uma edição histórica num genial exercício do que os franceses chamam de “autodérision” (auto-zombaria).
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