quinta-feira, 9 de julho de 2009

Homem sem camisa é atentado ao pudor




















Atenção rapazes : em Paris, nunca tirem a camisa, mesmo quando no verão os termômetros resolverem ultrapassar os 30 graus. Vocês correm o risco de darem de cara com um policial que vai fazê-los pagar uma multa de 140 euros por “atentado ao pudor”. A menos que estejam no perímetro de Paris-Plage, a praia artificial criada todo ano em agosto pela prefeitura de Paris na margem direita do Sena.
A história de um americano que teve de pagar a multa me foi contada por meu cabeleireiro que ouviu de uma cliente americana. Há poucos dias, fez calor em Paris. Um amigo dela acalorado tirou a camisa e descobriu que homem sem camisa em Paris é atentado ao pudor. Pagou 140 euros.
Nas praias francesas, as mulheres pegam sol sem sutiã desde priscas eras e ninguém olha, a não ser trabalhadores imigrantes, eventualmente de passagem. Eles não estão acostumados a ver isso por suas terras.
Além de seios de fora, crianças nuas brincando na areia é muito comum nas praias francesas. As fotos foram feitas numa praia da Côte d’Azur.


Lula em Paris : prêmio da Paz na Unesco


“Ele é o representante de uma das grandes economias emergentes que parecem mais aptas a sair rapidamente da crise atual que as outras”. “Ele” é o presidente brasileiro Luiz Inacio Lula da Silva que o Le Monde apresenta como “Luiz Inacio da Silva – chamado “Lula”. O jornal francês de referência não o trata pelo apelido sem explicar aos leitores que trata-se de um apelido. Lula foi a manchete principal do jornal datado de 8 de julho: “Lula: em matéria de economia, o G-8 não tem mais razão de ser”. Na excelente entrevista, o presidente diz que teme que “certos países ricos façam do G-20 apenas um uso utilitário para superar a crise”. Ele defendeu foruns multilaterais que compreendam não somente os países do BRIC (Brasil, Rússia, India e China) mas também o México, a Africa do Sul, a Indonésia e os países árabes. Lula estava de passagem por Paris, onde encontrou o presidente Sarkozy no Palácio do Eliseu. Aplaudidíssimo ao final de seu discurso na Unesco, onde recebeu o “Prêmio Felix Houphouët-Boigny para a busca da Paz”, o presidente Lula estava acompanhado dos ministros Tarso Genro, Fernando Haddad e Celso Amorim. Da capital francesa, ele seguiu para Áquila, para o encontro do G-20. Na Unesco, depois de ouvir diversas autoridades (entre elas, o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates e o ex-presidente Mário Soares) ressaltarem sua ação social no Brasil e sua ação pela paz e pelo Estado de direito na América Latina, Lula defendeu a paz como prerrogativa do Estado de direito para promover a dignidade humana e a justiça social. Lembrando a enorme dívida social que o Brasil tem com os mais fracos, o presidente afirmou : “Não haverá paz verdadeira enquanto houver fome, desigualdade e desemprego”.
Através de Lula e do reconhecimento internacional de sua ação em favor dos excluídos podemos sentir orgulho de ser brasileiros. Segundo informou a Unesco, um terço dos ganhadores do “Prêmio Felix Houphouët-Boigny para a busca da Paz” receberam depois o Nobel da paz. Para desespero dos tucanos, Lula tem chances de ser nosso primeiro Nobel.


Paris, capital do cinema


Embarras du choix é a melhor expressão para definir o dilema de escolher um filme em Paris, a menos que se possa ir ao cinema todo dia. Temos uma amiga, a socióloga, escritora e historiadora Régine Robin, cinéfila de carteirinha, que quando está em Paris, onde tem apartamento e mora parte do ano, vai ao cinema todo dia, às vezes duas vezes por dia. Em Paris, a festa do cinema dura 365 dias por ano. Todo mundo sabe que não há cidade mais cinéfila na face da terra, porque não há povo mais cinéfilo que o francês. Louis Lumière talvez explique essa paixão pelo cinema. A cidade tem atualmente “somente” 379 salas de cinema (em 1977 tinha 456 cinemas), entre as quais 89 são cinemas de arte. Depois de uma semana da “Fête du cinéma”, de 27 de junho a 3 de julho, na qual vi tudo o que podia, Paris entrou em ritmo de Festival Paris-Cinéma, o festival de cinema da cidade. Este ano, o festival tem a Turquia como país homenageado por ser o ano da Turquia na França. Um grande barato para quem quer ver em primeira mão o melhor da cinematografia turca. Mas tem também atores, atrizes e diretores homenageados. Este ano, retrospectiva dos melhores filmes do cineasta de Taiwan Tsaï Ming-Liang, da cineasta japonesa Naomi Kawase, da atriz Claudia Cardinale e do ator Jean-Pierre Léaud, o ator preferido de Truffaut. Além de clássicos do cinema italiano. Aproveito para ver “Divórcio à Italiana”, a obra-prima de Pietro Germi. Se eu não tivesse um jantar com amigos, teria ido à sessão no Saint-Germain-des-Prés apresentada por Chiara Mastroianni, filha do ator principal do filme, um tal de Marcello Mastroianni. Lamentei não poder ir à sessão em que Claudia Cardinale apresentou pessoalmente “La Viaccia”, de Mauro Bolognini, do qual é a atriz principal. Em compensação, há dois anos fui vê-la apresentar a nova cópia do clássico “A moça com a valise”, de Valerio Zurlini, juntamente com Jacques Perrin. Naquele dia pude constatar como o tempo é cruel com os homens. O jovem Perrin do filme tornou-se um senhor de cabelos brancos, enquanto Claudia, graças a Luc Montagnier, o prêmio Nobel de Medicina do Ano passado, inventor de pílulas à base de papaya para retardar o envelhecimento, continua linda e radiante. Ela faz a publicidade das tais pílulas de Montagnier. Mas não conta que além de pintar os cabelos deve ter passado por alguns liftings, ao contrário de Perrin que não pinta o cabelo e aceita que o tempo passe e deixe suas marcas. Entre os filmes deliciosos que passam em Paris, o novo Woody Allen, “Whatever works” um deleite para os fãs do diretor, que volta com seu personagem insuperável do intelectual neurótico nova-iorquino, interpretado pelo ator Larry David. Imperdível o ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro, Departures (A partida, no Brasil), do diretor Yojiro Takita, um dos mais belos e delicados filmes que vi em toda minha vida.

Stéphane Hessel, Monsieur droits de l'homme

Leia na revista Tropico:
Israel no banco dos réus
Por Leneide Duarte-Plon

Redator da Declaração dos Direitos Humanos, Stéphane Hessel explica tribunal para julgar crimes na Palestina. Leia aqui.

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