quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Férias I


















Todos os anos, os franceses são convidados a pensar nos seus animais domésticos antes de sair de férias. Com a chegada do verão as sociedades protetoras de animais multiplicam os apelos aos donos de cães e gatos para que não os abandonem antes de partir para as sagradas férias de verão*.

Quem não consegue um esquema de vizinho, amigo ou local profissional para deixar o animal não pensa duas vezes: joga o fiel companheiro na rua e pega o caminho das férias.
Brigitte Bardot e outros defensores dos animais ficam furiosos com os desalmados que abandonam seus bichinhos. Tudo por causa de alguns dias de férias.
Tenho duas amigas que vieram para a Europa na década de 70 e, entre outras atividades de verão, viveram algum tempo cuidando de gatos e plantas de pessoas que viajavam de férias.

*As fotos são na Gare de Lyon, em junho.

Férias II

O açougueiro da Rue Bréa já fechou as portas por um mês. O sapateiro, idem. A nossa tinturaria do Boulevard Raspail fechou neste sábado. As padarias mais próximas estão fechadas por um mês. O chocolatier Jean-Paul Hévin (um dos melhores de Paris) aproveita o mês de agosto para fazer obras e renovar a bela loja da Rue Vavin. Assim como a padaria que fica do mesmo lado.
Paris está vazia. Os parisienses que já saíram de férias no mês de julho vivem numa cidade sem carros, sem barulho e quase sem parisienses, já que a maioria parte em agosto. Há quem curta essa Paris com um quê de cidade do interior. Eu prefiro a cidade viva, com os parisienses andando sempre com um passo apressado ou sentados nas varandas dos cafés.
Outro dia recebi uma sobrinha que vinha a Paris pela primeira vez e lhe contei como funciona a cidade em julho-agosto. Mostrei as lojas fechadas com um cartaz que anuncia o dia da reabertura. Ela, que mora em Brasília, custou a crer que esse fenômeno se repete todo ano.
Quem não conhece Paris num mês de agosto não pode imaginar boutiques e lojas fechadas para férias coletivas. As férias de verão são tão importantes que a própria língua tem duas palavras para designar quem sai de férias em julho e em agosto: “juilletistes e aoûtiens”.
Eu, uma aoûtienne convicta, interrompo o blog por um mês. Em setembro, ele reabre.

Cálice

A igreja anglicana suspendeu por um tempo a distribuição de vinho da Santa Ceia aos fiéis. Gripe A oblige. O cálice que passa de um fiel ao outro não vai mais ser usado pelos anglicanos da Inglaterra. Há algumas semanas, os fiéis participam do sacramento comendo apenas o pedaço de pão. Pela primeira vez na história da Igreja Anglicana, a igreja da Inglaterra modificou o sacramento da comunhão. Na igreja parisiense (protestante) que frequento, o cálice de metal (prata ou estanho?) ainda circulou nesse domingo e todos beberam um gole do vinho, depois de comerem o pedaço de pão. Inclusive eu. Me pergunto se os pastores franceses também vão se render ao princípio de realidade e, como os pragmáticos britânicos, suspender o vinho bebido na taça que circula entre os fiéis.

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