quarta-feira, 29 de julho de 2009

As férias do “capitão coragem”

Fazendo cooper, o presidente Sarkozy teve um mal-estar no domingo, 26 de julho. Nesta quinta, 30 de julho, o presidente, como os ministros, troca Paris pelas anuais férias de verão. O presidente vai passar três semanas na Côte d’Azur, na propriedade da família de Carla Bruni. Os ministros, que, como a maioria dos parisienses, vão deixar a cidade deserta, têm uma única obrigação: não estar a mais de duas horas de avião de Paris. Por isso, o primeiro-ministro François Fillon passará suas férias na Toscana. Para mim, a Toscana é um dos lugares mais bonitos da Itália, da Europa e do mundo. Um paraíso onde milionários do mundo inteiro têm casa de campo. E onde eu comprarei uma casa, quando ganhar na euromilhões, a loteria que funciona em vários países europeus.
Christian Salmon, pesquisador do Centro de pesquisas sobre as artes e a linguagem e autor do excelente livro Storytelling – La machine à fabriquer des histoires et à formater les esprits (La Découverte, 2008), analisou no Le Monde o excesso de cobertura do mal-estar do presidente pela imprensa francesa:
"O mal-estar teria passado despercebido em outros tempos. Mas a superexposição de Nicolas Sarkozy, a hipercentralização do poder e sua hiperatividade em termos de agenda midiática mergulham a sociedade francesa num estado de alerta permanente. Existe uma dramatização um tanto doentia, ligada à personalização das instituições políticas e à `novelização´ da vida política. Não se trata mais somente de contar histórias (storytelling), mas de manter a opinião pública em estado de permanente mobilização. Tudo isso faz parte do sintoma de `superexcitação, hiperatividade, superexposição´. O Palácio do Eliseu fez tanto marketing do `capitão coragem´ diante da crise que um simples mal-estar toma proporções quase de um naufrágio".
Leia também
A política como ficção – Leneide Duarte-Plon entrevista Christian Salmon (17/11/2008).


Novo debate sobre o véu islâmico

Os países europeus se veem às voltas com mulheres muçulmanas que cobrem a cabeça com um véu, o hidjab. Alguns, como a França, o proíbem em repartições e escolas. Outros premitem o uso em todos os ambientes. Mas além do discreto hidjab, algumas muçulmanas usam o niqab, que cobre o corpo todo mas deixa os olhos à vista. Outras usam a forma mais radical de ocultação do corpo feminino, a burca, que cobre corpo e rosto e tem apenas uma tela no lugar dos olhos. Na França, são 367 mulheres que usam a burca, segundo o Le Monde de 30 de julho. Convenhamos, não é muito num país de 60 milhões de habitantes.
Acontece que o presidente Sarkozy, em seu discurso diante do Parlamento reunido em Versalhes em junho, inaugurando novo protocolo que permite que o presidente francês se dirija pessoalmente aos parlamentares (antes ele enviava mensagem lida e não podia falar no Parlamento), deixou claro seu ponto de vista sobre o assunto : “O problema da burca não é apenas religioso. É um problema de liberdade e dignidade da mulher. Ela é um sinal de dominação sobre a mulher. Digo solenemente: a burca não é bem-vinda no território da República francesa”.
Segundo ele, a França não pode aceitar mulheres prisioneiras sob uma grade de pano, totalmente isoladas da vida social e de qualquer identidade. “Não é essa a idéia que fazemos da dignidade da mulher”, terminou Sarkozy.
Uma missão de informação parlamentar sobre o uso desse véu integral foi nomeada pelo governo para discutir o caminho a seguir. Pode vir a proibir o uso no espaço público “em nome da laicidade, da dignidade da mulher e da segurança e da ordem pública”. Como a burca permite a alguém (mulher ou homem) se esconder totalmente por trás da roupa, é possível que uma lei seja proposta em fins de janeiro, quando a missão parlamentar concluir suas consultas a sociólogos da religião, filósofos e feministas. “Se uma muçulmana decide usar o hijab ou uma judia usar uma peruca, isso não me incomoda. Por outro lado, o véu integral aniquila a mulher”, diz Olivia Cattan, da Association Paroles de femmes, no jornal Libération e uma das dezenas de pessoas que vão ser ouvidas pela missão parlamentar.
No meu livro "Por que elas são (in)fiéis", Ediouro, 2006, escrevi na página 29:
“Nas sociedades islâmicas, o uso do véu é uma forma de manter controle sobre o corpo da mulher, visto como permanente fonte de tentação. Em nome do livro sagrado do profeta Maomé, tiranos fanáticos escondem suas mulheres sob os mantos para se convencerem de que elas não existem como seres desejantes, como iguais.
No livro "Psychanalyse à l’épreuve de l’Islam", o psicanalista Fethi Benslama diz que “o véu islâmico é uma coisa (em iltálico no texto) pela qual o corpo feminino é ocultado em parte ou totalmente porque este corpo tem um poder de encanto e fascinação. Em outras palavras, o que é ostentatório para a religião é o corpo da mulher, ao passo que o véu seria um filtro que resguarda e protege de seus efeitos perturbadores”.

Um comentário:

Anônimo disse...

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